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domingo, julho 01, 2012

#Thomas! ♥

Muito antes da música:
Determinação que vem desde o berço, antes até, e que provavelmente tem um componente genético precioso. A mãe do Thomas, Elaine Machado Mozzaquatro, descobriu que tinha diabetes aos nove anos, quando foi internada cinco vezes num período de poucas semanas, e desde então sempre esteve em tratamento. Fikha de pai diabético, ela teve uma infância e junventude difíceis, mas se recusou a deixar que a doença a impedisse de ter uma vida normal. "Eu superava, não deixava de fazer nada, viajava, trabalhava, fazia minhas coisas." Quando alguns médicos lhe disseram que mulher diabética não podia ter filhos, ela não se deixou abater, porque ter um filho era, sim, um sonho do qual ela não queria desistir. Quando Elaine estava com 24 anos, conheceu o pai de Thomas, policial que lhe foi apresentado por uma amiga. A princípio ela não se interessou muito. Tanto que deu o número do telefone e o endereço errado, mas por ele ser policial, não adiantou, ele descobriu o telefone e insistiu em namorar. Algum tempo depois Elaine decidiu começar um relacionamento. Não era fácil, pois os dois moravam distantes um do outro.
Cinco meses depois do namoro, Elaine engravidou, mas, para sua surpresa, não teve nenhum apoio do namorado. Ele se recusou a assumir o filho, temendo que o histórico médico dela fosse capaz de comprometer a saúde e até o desenvolvimento físico e mental do bebê. Disse também, que não queria mais ficar com ela. Depois de abandonada pelo seu namorado, resolveu ter seu filho sozinha, e voltou a morar com a mãe.
As complicações não pararam. Além de diabetes, Elaine tinha o útero pequeno, o que levou a médica responsável pelo tratamento a duvidar da continuidade da gravidez. No sétimo mês de gestação, foi necessário fazer o parto, uma cesariana de alto risco, tanto para a mãe quanto para o bebê. Era dia 28 de agosto de 1991, e a unidade na UTI estava toda preparada para receber o bebê prematuro. Mas quem acabou na UTI foi a Elaine, com suspeita de eclampse, uma complicação que pode provocar convulsões pós-parto associadas à hipertenção arterial.
O recém-nascido Thomas Alexander Machado D'Avilla, apesar de prematuro, estava fora de risco, com os pulmões sadios e até com as unhinhas perfeitas. Pesava 1,9 quilo, era loirinho, e ficava no berço com os bracinhos e as perninhas abertas ─ talvez para compensar o aperto e a falta de espaço dentro da barriga da mãe durante os sete meses de gravidez.


#PeLu! ♥

Na parede do quarto de Pedro estão os discos de Ouro e de Platina. Nas estantes, os livros que o acompanharam na adolescência, a coleção completa do Harry Potter, alguns romances do José Saramago, e On the Road, do Jack Kerouac, que a Tereza só deixou o filho ler depois dos 15 anos. "Eu sempre gostei de ler de tudo, até coisa mais bobinha como os livros das séries Crepúsculo e Gossip Girl", diz o Pe Lu. Ao lado da coleção de livros, estão os DVDs que começou a selecionar recentemente ─ além de gostar muito de cinema, para o Pe Lu os filmes são uma boa pedida para os dias de estrada. E mesmo que o Pe Lu agora passe muito menos tempo com a família, ainda faltava aquele toque da mãe pra finalizar o quarto, que sempre será dele. A cortina foi um verdadeiro presente da mãe, que veio acompanhado de um almoço em família dos mais animado, e só terminou porque estava na hora de encontrar os moleques e a equipe para mais um fim de semana de shows.

Pe Lu está acostumado a desbravar o mundo. Dezenove anos e 362 dias antes do Salinas e de Ilha Comprida, ele já estava sentadinho em um restaurante com a família curtindo a sua primeira "saída". "Quando saímos da maternidade, eu estava doida pra comer um lanche do Jotas, que ficava no centro de São Paulo e na época era um restaurante frequentado por artistas, gente do teatro e da música, ficava numa região onde havia muitos teatros bons. O Pedro Lucas foi junto, e ficou lá com a gente em seus moisés", conta a Tereza.
O mundo da arte foi uma escolha ─ bem precoce ─ para os pais de Pe Lu, e uma constante na vida deles e dos filhos. É uma história que começa muito antes do primeiro compromisso social do Pe Lu, e muito longe do centro de São Paulo...